sábado, 30 de abril de 2011

GENTE


GENTE



Pelas estradas da vida

Seguimos toda a viagem

Alguns com ficha corrida

Outros até sem bagagem!


Aqui chegamos pelados

Pouco cabelo, sem dentes

Pelo destino marcados

De maneiras diferentes...


Aqui tem gente com grana

Tem gente sem um dindim

Gente metida à bacana

Gente boa... Gente ruim...


Gente escondendo o ouro

... Do pobre tudo consome

... Gente pedindo socorro

Gente morrendo de fome!


No final vamos embora

De mãos vazias totais...

Descobrindo nessa hora

Que somos todos iguais!


Gastão Ferreira/2011

sexta-feira, 29 de abril de 2011

É TARDE...


É TARDE...



Quando vim a esse mundo

Vim carregado de amor...

Escondido bem no fundo

De um coração sonhador.


Foram tantos os espinhos

Que ao chegar encontrei

Que me perdi nos caminhos

Das sombras por onde andei.


Dei valor que não devia

A coisa sem importância

Vesti-me com a fantasia

Dos frutos da ignorância...


Aquele bem que eu trazia

Direito que eu conquistei

Eu não dei por covardia...

Pois muito pouco eu amei.


Agora que o tempo é tarde

Vejo o tanto que eu perdi...

Amor que no peito arde...

Foi só sonho! Eu não vivi.


Gastão Ferreira/2011

LIXÃO MUNICIPAL


LIXÃO MUNICIPAL

Oh! Lugar mais estranho
Acabei de conhecer...
O seu fedor é tamanho
Faz um bicho enlouquecer!

Fede de dia e de noite
Nesse tristonho lugar
O fedor é igual açoite
Tentando a todos laçar!

Os animais peçonhentos
Cobras, vespas, escorpiões
Fazem ali seus eventos
Em meio a imensos lixões.

Que lugar! Um fim de mundo
Onde ninguém quer passar...
É o buraco mais imundo
Onde a Lua vem cagar!

Gastão Ferreira/2011

quinta-feira, 28 de abril de 2011

ELA CONSEGUE...


ELA CONSEGUE...



Pelos becos, pelos muros,

Entre as portas e porões

Por atalhos tão escuros

Entre as trevas ou clarões


Pelos ninhos passarinhos

Entre as rosas e os rosais

Pelos suspiros mansinhos

Escondido em tristes ais.


Por tudo que se revela

Pelos Santos imortais...

Pela palavra singela

Entre segredos banais


Tua lembra se insinua

Em tudo aquilo que faço

Em cada curva de rua

Tua sombra eu abraço...


Saudade a mim persegue

Em todo e qualquer lugar

Eu não sei como consegue

Sempre, sempre me achar!


Gastão Ferreira/2011/Iguape

MINHA LUA...


MINHA LUA...



Do céu espiando a Terra

Toda banhada em luar...

Na longa noite da espera

A Lua põe-se a sonhar...


Minha Lua se insinua

Nas histórias de cordéis

Pelos becos, pelas ruas

Nas cortinas dos bordéis


No espelho das donzelas

Num cismar adormecido...

Pelas frestas das janelas

Num olhar envelhecido...


Na tristeza de um poeta

Num namoro de portão

Na angústia mais secreta

Onde mora a solidão...


Nessa minha vida tonta

Por entre o bem e o mal

Os segredos que me conta

Eu repasso pro jornal!


Gastão Ferreira/Iguape/2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011

PARIQUÉRA


PARIQUÉRA



Cegonha vinha voando

Tinha um bebê no bico

Por Iguape foi passando;

- Nesse lugar eu não fico!


Foi pousar em Pariquéra

Entregar a sua carga...

Iguape ficou uma fera;

- Essa cegonha me paga!


Foi armada uma arapuca

Para pegar o bichinho...

O povo sempre cutuca:

- Vai chover dinheirinho!


Aqui só tem estrangeiro

Criança não nasce mais

Iguape fez seu viveiro

Em meio dos bananais.


Quem aqui quiser ter filho

Vá buscar em Pariquéra...

Vá pela estrada sem trilho

... Entre na fila de espera!


Traga o pivete prá casa

Dê a ele muito amor...

A cegonha bateu asa;

- Lá vai mais um eleitor!



Gastão Ferreira/2011