quarta-feira, 30 de junho de 2010

LUA MINGUANTE


LUA MINGUANTE

Quem foi que roubou a Lua?
Está faltando um pedaço...
Será que a lembrança tua
Mandou do céu um abraço?

Oh Lua tão inconstante!...
Sempre mudando de posto
Oh minha Lua minguante!
A saudade tem teu rosto...

Amigos que foram embora
Morar em outros espaços...
Quando chegar minha hora
Eu seguirei os seus passos!

Oh Lua que está sorrindo!...
... Fatia de melancia...
Saudades que vão surgindo
Dentro da noite vazia!

Gastão Ferreira

segunda-feira, 7 de junho de 2010

EU VOU PEDIR


EU VOU PEDIR

Eu vou pedir a Saudade
Parar com essa dor atroz.
Eu vou pedir a Saudade
Matar o som da tua voz!

Seja de noite ou de dia
Eu vivo nesse tormento,
Pois para minha agonia
Ouço a tua voz no vento!

Eu que só penso em viver
Livre no meu pensamento,
Hoje só quero esquecer...
Esse amor que eu lamento!

Já faz tempo que passou,
Mas ainda dói em mim...
Passarinho que voou...
Para além do meu jardim

Vem de longe a tua Saudade,
Vem de longe, vêm me ver
Oh! Como dói a verdade
Quando a gente quer sofrer!

Gastão Ferreira

domingo, 6 de junho de 2010

PELO NOME


PELO NOME

O Amor tem tantos nomes...
Tanto nome em mim marcou,
Muitos saciaram minha fome,
Outros! A minha fome matou.

Tantos viraram saudade,
Alguns a vida apagou...
Ah! O punhal da maldade
Quanta dor me acertou!

Marcas que tenho no peito,
São sinais que ninguém vê,
Como o sorriso sem jeito...
Que é a lembrança de você!

Ah! Esse Amor tão faceiro,
Sempre muda de lugar...
Oh! Meu Amor cancioneiro
Que nunca aprende a voar.

Eu te chamo pelo nome...
O nome que eu sei décor.
Esse amor quer vem e some
Faz de mim um sonhador!

Gastão Ferreira

UM CANTADOR


UM CANTADOR

Deus me deu a poesia
Fez de mim um cantador
No meu peito a fantasia,
Rema, rema... Sonhador!

Quando voltar para casa
Que fica em outro lugar,
Irei voando sem asa...
Seguindo a luz do luar!

O luar que eu namorava
Em noites de solidão...
A lua a quem reclamava
Por tanta desilusão...

Canto aquilo que vejo...
Canto o que me contaram
Não canto amor que almejo
Canto dores que passaram!

Canto o humano desejo...
Canto o homem e a mulher
Canto saudade e desprezo,
Enquanto a vida me quer!

Gastão Ferreira

OUTRA CIDADE



OUTRA CIDADE

Ah! Se o vento contar...
Tudo, tudo o que ele vê.
Vai ter valente a chorar,
Vai ter sangue na tevê...

Vai ter ovelha perdida
A procura de um pastor
É muita gente bandida
Se passando por doutor!

Vai ter tiro pela praça...
Vão ter gritos de socorro
Menina dando de graça,
Lá na descida do morro!

Pela orla do Canal...
Aquele cheiro de mato!
Tá faltando policial
Para tanto desacato...

Ah! Se o vento contar,
Esse vento sem maldade!
Tem gente que vai mudar
Para uma outra cidade!

Gastão Ferreira

O BALDE


O BALDE

O balde que estou usando
Desceu ao fundo do poço.
A dor que está me matando
Não é minha, mas eu ouço!

Eu ouço pelos caminhos...
Eu a vejo em tantos rostos
São as marcas dos espinhos
Dos tristes ais do desgosto!

São gritos na madrugada,
Suspiros de um sofredor...
São mendigos nas calçadas
Pedindo um resto de Amor!

Pobres restos de acalantos
No peito de um trovador...
Meus olhos secos de pranto
No coração!... Tanta dor.

Esse balde é a poesia...
Faz de mim um cantador,
Minha máscara, fantasia,
Fantasia!... Cata a dor...

Gastão Ferreira

CAPOTE


CAPOTE

Capote, cão vagabundo
Que vivia sem um dono...
Amigo de todo o mundo
Apesar do abandono...

Conhecia muita gente
Era muito estimado...
Mas um tanto inocente
Acabou apaixonado...

A cadelinha dondoca,
Possuía um dono tinhoso.
Dizia:- Na minha toca...
Não vem cachorro manhoso!

Matou Capote a paulada,
Pois que estava contrafeito.
É homem ou fera enjaulada
Esse tão nobre sujeito?...

Quando saiu no jornal,
A notícia da matança...
Com todos ficou de mal
E ainda jurou vingança!

Capote era um animal
Vivendo os direitos seus.
Esse homem irracional
Se diz um filho de Deus!

Gastão Ferreira

quarta-feira, 2 de junho de 2010

MEU BONJE !


MEU BONJE!

Ao protetor de nossa terra
Eu me atrevi perguntar:
-Oh Jesus que nunca erra!
Quando Iguape vai mudar?

Abarcando a toda a gente
Nosso amado Bom Jesus...
Respondeu indiferente:
- A cidade? É minha cruz!

Um povo que só reclama
Que vive de birra e arte,
Tem alma feita de lama
E não faz a sua parte...

Palmas a quem não presta
Todos adoram bater...
Querem só viver de festa
Ninguém precisa crescer!

Eu já lavei minhas mãos,
Não me comparo a Pilatos.
Em meio a tanto ladrão
Com essa gente não trato!

Vou morar no Icapára...
Por lá só tem pescador
Quero fugir dessa farra
E vou levar meu andor!

Adeus Iguape sofrida...
Adeus povo que amei
Eu quis fechar a ferida
Só eu sei como tentei!

Não me deram atenção
Fizeram ouvidos moucos
Nem me querem patrão,
Pois agora dou o troco...

Vou embora pro Icapára
E vou levar meu andor...
Não quero ver mais a cara
Desse povo pecador!

Vou estender minha rede
Entre humildes pescadores
Amor matará minha sede
Para esquecer tantas dores...

Gastão Ferreira

terça-feira, 1 de junho de 2010

HOMEM SAFADO


HOMEM SAFADO

Meu nome é Ana Maria
Sou mulher de sonhador
Eu entrei foi numa fria...
Não me casei com doutor!

Lavo roupa todo o dia...
Passo pano pelo chão...
Deixo a casa uma alegria
Na espera do patrão...

O patrão é o meu amado
Quem paga a conta da luz.
Não devia ter casado...
Ele agora é minha cruz!

Não vou à cabeleireira...
Nem sequer supermercado
Só compro em fim de feira
Para sobrar um trocado...

Eu sonhava ser rainha
Através do casamento
O Amor bateu asinha
E virou esse tormento

Viúva eu espero ficar
E acabar com esse fardo
Não quero ninguém pajear
Chega de homem safado!

Gastão Ferreira