sábado, 29 de maio de 2010
INFÂNCIA...
INFÂNCIA
Fui eu o menino que domou o Dragão!
E foi com ele que eu conheci o mundo...
Era um tempo de aventura e muita ação.
Do alto do monte ao abismo mais fundo
Com meu Dragão eu nunca tive medo...
Era meu amigo e enxergava no escuro.
Partilhava a vida e voava em segredo.
Eu ainda nem sabia que existia o futuro
Conheci a Sereia e a Iara mãe do rio
Curupira... Boi Tatá e um Saci Pererê.
Vi a Fada Madrinha tremendo de frio,
Coisas, em que hoje mais ninguém crê
Um dia o Dragão foi embora e não voltou
Eu nunca mais voei... Tornei-me adulto.
Jamais esqueci o que ele me contou...
Repare naquela nuvem! Parece um vulto.
É o meu Dragão que lá de cima espia
A procurar o menino que fui eu...
Estou aqui Dragão! É fim de dia
Vem me salvar Dragão! amigo meu.
Devolve a minha alegria de criança...
Põe nos meus olhos novamente a luz
Afasta da minha vida a desconfiança
... Para aos céus de novo me conduz!
Gastão Ferreira
TELA
TELA
O dia em que eu for embora
E me transformar em nada,
Serei um pouco de tudo
Do que aprendi na jornada.
Serei um pouco do vento
Serei a rua alagada...
Serei Iguape ao relento
Por Bom Jesus abençoada.
Serei a Festa de Agosto
Serei o Cristo no Monte
Serei menino sem rosto
Bebendo água na fonte.
Pescador! Lembra de mim.
Não mude o rumo da vela
Para que eu fique assim
Como dentro de uma tela...
Então serei passarinho...
Ave na mata encantada
E Iguape será meu ninho
Minha luz na madrugada!
Gastão Ferreira
HORA DO VOTO
HORA DO VOTO
Chegou a hora do acerto
É a hora da razão...
Agora é a hora do aperto
É a hora de um não!
De um não a roubalheira
Ao bolso do cidadão...
Um não a tanta besteira
Um não a avacalhação...
É a hora da cobrança
Ao voto que a gente deu
É a hora da mudança
De se olhar o que perdeu
Meu povo essa hora existe
Ponha um fim à escuridão!
A todo o temor resiste...
Aprende a dizer um não!
Um não a quem nos dirige
Como gado ao matador...
A quem a cidade agride
Com tanta falta de Amor!
Vamos plantar a semente
De uma árvore esperança
Trabalhando realmente
Para que haja a mudança...
Não venda o voto pedido
Acredite em seu futuro...
Pois todo o voto vendido
São quatro anos de escuro.
Gastão Ferreira
CANTADOR
CANTADOR
Eu quero sentir espanto
Num coração sonhador
Ouvir o primeiro canto
Do sabiá madrugador!
Eu quero ver da colina
O barco de um pescador
Cantando entre a neblina
Passarinho... remador...
Quero provar da doçura
Que o mundo me oferece
Me embriagar da ventura
Que minha alma merece
Não carregar incertezas
De quem ofende de graça
A minha cruz com certeza
Não foi erguida na Praça...
Vou levando a minha sina
Como bom navegador...
A luz que me ilumina...
Fez de mim um cantador!
Gastão Ferreira
SORRIR
SORRIR
Saudade bate na porta,
Carregando tantos medos.
Agora bem pouco importa
Esses teus tolos segredos!
Por que lembrar o passado
Que morreu há tanto tempo?
Bem melhor ficar calado...
Pois meu futuro eu invento.
O que vai me acontecer
A você não diz respeito!
Tenho mais é que viver
Sem você dentro do peito.
Cansei de ficar magoado
Cansei de me apunhalar,
Nesse momento encantado
Eu quero mais é sonhar...
Não insista velha amiga
A porta não vai se abrir.
Fui eu que ganhei a briga
Voltei de novo a sorrir...
Gastão Ferreira
RANCHINHO
RANCHINHO
Vejo um ranchinho no sonho
Num sonho em que eu estava.
Na porta um homem risonho
E uma mulher que cantava!
Para as duas criaturas
Na pobreza do ranchinho
A noite não era escura...
A sua casa era um ninho.
Aquele homem sentado
Num silêncio de espera
Num momento encantado
Me roubou do Céu pra Terra
E aquela mulher querida
Com ternuras no olhar
Me carregou pela a vida
E me ensinou a sonhar...
Ranchinho que me importa
Se eras simples demais?
Saudade!Bate na porta.
Ali moraram meus pais!
Gastão Ferreira
MEU MENINO...
MEU MENINO...
Por que menino o destino
Se pôs comigo a brincar?
De um lado só desatino
Do outro lado... Sonhar!
O sonho que me embalava
Pelo caminho ficou...
Menino que Amor cantava
Quem o meu sonho matou?
Foi a vida indiferente...
Foi falta de compreensão?
Oh! Meu menino inocente
Sou parte da escuridão...
Perdi-me pelos caminhos
Fui pelo mundo tragado...
Tristeza! Tantos espinhos
No meu olhar estampado.
Meu menino foi embora
Meu menino envelheceu
Que saudade sinto agora
Do menino que era eu!
Gastão Ferreira
DROGA !
DROGA!
O sonho que te embalava
Foi à droga quem matou
Menino que amor cantava
Tão pouco a vida durou...
Não foi a falta de afeto
Meu amor não te faltou
Teu coração tão inquieto
Para o crime te levou
Para sempre foste embora
Ficou lembranças de dor...
Que tristeza é tudo agora
Meu menino sonhador...
Perdeu-se em negro caminho
Oh! Meu filho sempre amado
Tua saudade é um espinho
No meu olhar estampado!
Gastão Ferreira
PAPO FURADO
PAPO FURADO
Pelos caminhos do mundo
Nenhum destino se perde
Quer seja pouco profundo
Ou algo ruim que se herde!
Basta ver a roubalheira
Estampada nos jornais
Levanta a sua bandeira
Aquele que rouba mais
Nossa terra é tão rica
Basta plantar e colher
Mas todo o ouro só fica
Prá quem está no poder!
“Um dia serei prefeito
Ou quem sabe vereador
Quero ter meu prato feito
Feito com o alheio suor...”
É assim que eles pensam
Para teu voto comprar...
Depois eleitos dispensam
Fica o vendido a chorar...
Quem cala tudo consente
Fingem não sentir fedor...
E vão enganando a gente
Nesse papo “Todo Amor”.
Gastão Ferreira
VIVENDO
VIVENDO
Todos caminham cumprindo a jornada
Alguns lentamente outros apressados...
Tem gente contente e gente angustiada
Tem gente saudável tem gente cansada
Tem gente honesta e tem gente safada
Tem gente que colhe e gente que planta
Tem rico tem pobre tem gente sem nada
Tem gente que reza e gente que canta...
Em toda a estrada tem pedra tem flores
Tem céu e cascata tem rio e tem mares
Por todos os lados tem riso e tem dores
No fim do caminho já sem fantasia...
Sentindo saudade de tantos amores
Chorando tristeza com a alma vazia
Pedindo perdão por tanto pecado...
Ao tempo perdido ao tempo passado
E tudo termina sem nada entender
Pois o que importa é apenas viver!
A gente só vem no mundo aprender.
Gastão Ferreira
UM POUCO MAIS
UM POUCO MAIS
Um pouco mais de verde – Serei flora
Um pouco mais de amor – Serei herói.
Joguei meu mundo pela porta a fora
E a dor do mundo em minha vida dói...
Noto o aplauso a tanto bandido
Vejo a criança estendendo a mão...
Homem honesto pelo mal banido
Choro a vitória da corrupção...
Qual incerteza que o futuro guarda?
Se já nem temos a quem recorrer
Oh minha alma como a espera tarda!
Negra agonia que me faz sofrer...
Um pouco mais de flora – Serei verde
Um pouco mais de herói – Serei Amor
Meu olhar triste nessa dor se perde...
E a noite abriga meu viver sem cor...
Gastão Ferreira
REMADOR
REMADOR
Um rio que sereno passa
Como querendo ficar...
Rio Ribeira que abraça
O Vale no seu sonhar...
Ao entrar por Icapára
Quando o rio avista o mar
No peito a saudade para
E o rio se põe a cantar...
Em cada curva do rio
Tem casa de pescador
Tem passarinho no cio
Tem beleza e tem amor
Amigo que me ampara
Meu coração cantador...
Sou menino caiçara...
Rema rema... Remador!
Gastão Ferreira
QUANDO
(Roubaram o outro leão da passarela do Rocio)
QUANDO
Quando eu mandei embora
Por desacerto e dor
Tanto bem jogado fora
Meu querer e meu amor...
A vida bate na porta
Que já não consigo abrir
De tristeza nada importa
Nova flor não vai florir...
Beija-flor beija a saudade
Que teima em me visitar...
Foi embora a mocidade
Velhice vem me encontrar
Vou vivendo minha vida
Vou levando o meu viver
Vou fechando a ferida...
Vou tentando te esquecer.
Saudade vem de mansinho
Cansada de procurar...
Andou por tanto caminho
Para ao meu lado ficar...
Gastão Ferreira
OURO & PODER
OURO & PODER
Dizem que o ouro corrompe
Quem partilha do poder...
Duvido que o ouro compre
A quem não quer se vender!
Quem tem vergonha na cara
Tem caráter e educação
Numa boa não encara
Ser chamado de ladrão
Bonito ser apontado
Em todo e qualquer lugar
Como um sujeito safado
Que tudo quer rapinar...
Qual o futuro que espera
Uma pessoa assim?
Nada é eterno na Terra
Tudo na vida tem fim...
Viverão tenho certeza
Com seu ouro rapinado
Dinheiro de safadeza...
Tem o seu tempo contado
A vida dá tantas voltas
Está sempre a ensinar
Aquilo que tanto gostas
É a dor quem vai tirar!
Gastão Ferreira
GRACINHA
GRACINHA
O filho do Leão já tem jubinha
A filha da Girafa um pescoção
Dona Onça tem a sua Oncinha
O Potrinho será um Garanhão?
Caipora caminha pela mata
Saci pula pula num pé só...
Iara no rio sorri e canta
Curupira na floresta vê cipó
Macaco olha o rabo do vizinho
Tatu faz mil buracos pelo chão
À tarde Sabiá procura um ninho
Vem à noite trazendo escuridão
A vida é uma grande confusão...
Na mata tem cobras e mutuca
Na cidade tem muito espertalhão
Gente que se ofende e me cutuca.
Gastão Ferreira
ENJAULADO
ENJAULADO
Saudade quem me consola
Quando a Saudade partir?
Saudade mandou embora
Quem me fazia sorrir...
Na tarde mansa e serena
A noite tarda a chegar...
Minha vida é tão pequena
E tão longo o meu penar!
Chuva que cai no telhado
Trás o eco de tua voz...
Doce murmúrio encantado
Fome que chama por nós!
Acordo! E estou sozinho
Noite escura vem me ver
Sou menino passarinho
Querendo a vida entender.
No meu quarto na parede
Teu retrato pendurado...
Água que mata a sede
Num coração enjaulado!
Gastão Ferreira
É O SINO
É O SINO
É o sino quem vai contar
Para todos que morri...
Vai ter gente a chorar
Ou sorrir porque parti...
Eu joguei pedra na cruz
Fui contra a corrupção
Vão soltar tiro de obus
E talvez algum rojão...
Um enterro concorrido
Vão querer certificar...
Morreu e está morrido
Já não pode mais falar!
O sino tocou por mim...
Amanhã por outro alguém
Todos têm o mesmo fim
Eterno não é ninguém...
Vou tranqüilo no caixão
Dessa vida sem cancela
Deixo um bando de ladrão
Para apagar minha vela...
Gastão Ferreira
PESADELOS
PESADELOS
Os pesadelos são sonhos
Que não puderam nascer
São eles ecos tristonhos
Que não chegaram a viver.
E no escuro das noites
Eles nos vêm visitar...
Com murmúrios e açoites
Querendo a vida voltar.
Perdidos pelos caminhos
Soluçando em solidão...
De nossa alma espinhos
Filhos de nossa ilusão...
Implorando pela vida
Desconhecendo a razão
No sono é ave ferida
Deixam dor no coração.
Os pesadelos que choram
Fechados na escuridão...
São fantasmas que imploram
Por amor e por perdão!
Gastão Ferreira
DEPOIS
JURAMENTO
Depois de tantas tristezas
Ausência dor e maldade...
Negras horas de incertezas
E os suspiros da saudade.
Quero esquecer o desgosto
Pois não é bom conselheiro
E sentir de novo o gosto
De me encontrar por inteiro
Quero viajar pelos sonhos
Que surgem no fim do dia
Curtir momentos risonhos
Me embriagar de alegria...
Viver a vida contente...
Sem ver em tudo pecado
Meu coração indolente
Que por amor foi marcado.
Pois todo o ressentimento
É um peso prá carregar...
É meu novo juramento
Não quero mais me magoar!
Gastão Ferreira
HORA DO ACERTO
HORA DO ACERTO
Agora é hora do acerto
De colher o que plantou
É uma hora de aperto...
De olhar o que restou.
Por tantas coisas padeço
Por tanta dor já passei...
Tanto espinho e tropeço
Pelo muito que andei...
Pelos sonhos perdidos
Pelas horas de agonia
Pelos temores contidos
Por uma falsa magia...
Pelos caminhos do mundo
Pelas trilhas... Solidão!
Por esse amor profundo
Pago com ingratidão...
Uma lágrima furtiva
Nos meus olhos ficará
É lembrança sempre viva
Do que jamais voltará!
Gastão Ferreira/2010
TAPA NA BUNDA
TAPA NA BUNDA
Quando vim a esse mundo
Eu não trouxe inimigo
Não demorou um segundo
Tinha um junto comigo...
Levei um tapa na bunda
E comecei a gritar
A parteira furibunda
Começou a gargalhar...
É menino minha senhora
Informou cheia de graça
E a partir dessa hora...
Sempre chorei de pirraça
Fui perdendo a inocência
Com o mundo a me ferir
Aprendi que da violência
Poucos conseguem fugir...
Estou voltando pra casa
Pro lugar de onde vim...
Pois o Amor me deu asa
Tenho Paz dentro de mim!
Gastão Ferreira
CADERNO
CADERNO
Primavera vai embora
E depois vem o verão.
Esse amor jogado fora
É ave em arribação...
Pois no Verão outros sonhos
Hão de tomar meu lugar...
E nos meus olhos tristonhos
Tua imagem vem brincar.
Chega o Outono mansinho
Com tanta recordação...
Voa... Voa... Passarinho
Passarinho... Coração!
Agora no meu Inverno
Nesse espelho de ilusão
Os versos desse caderno
Tem teu nome... Solidão!
Gastão Ferreira
DEPOIS DE MAIAKOVSKI
DEPOIS DE MAIAKOVSKI
- EM IGUAPE? -
Um dia não recolheram o lixo.
Não me importei...
Outro dia destruíram as árvores
Não me importei.
Roubaram o leão da passarela
Não disse nada...
Roubaram placas e pratarias
Não disse nada.
Um telhado antigo despencou
Fiquei calado...
Um vizinho foi assassinado
Fiquei abismado.
Um monumento destruído
Eu me calei...
Uma praça abandonada
Eu me calei.
Uma cidade tombada
Já não se pode falar...
Fiquei de boca fechada
É tarde prá reclamar!
Gastão Ferreira
CHUVA
CHUVA
Oh chuva que está caindo!
Lavando a alma da Terra...
Um temporal é bem vindo
Nesse tempo de espera...
Que possam nascer as flores
Onde a semente brotou...
Que possam brotar amores
No coração que secou...
Que um dia a felicidade
Possa chegar até nós.
E transforme em bondade
A ganância mais atroz.
Que a luz vença o escuro
Que o sol volte a brilhar
E que num breve futuro
Iguape possa cantar...
Que essa canção adormeça
A dor que o povo abate...
Que essa canção aconteça
Antes que o tempo nos mate!
Gastão Ferreira
BEM TE VI
BEM TE VI
Passarinho quando canta
Alguma coisa ele viu...
Estrada que o pó levanta
Foi o vento que sorriu...
Tudo tem o tempo certo
Cada coisa em seu lugar!
Tem camelo no deserto
E pescador pelo mar...
Tem monumento na praça
Pedintes no lagamar...
Tem gente achando graça
E muito mais a chorar...
Minha cidade é bonita
Mas acabou de tombar.
Cachorro que tanto grita
Algum osso quer roubar!
Passarinho foi embora
Foi cantar longe daqui
Que tristeza sente agora
Passarinho... Bem te vi!
Gastão Ferreira
ANO ELEITORAL
ANO ELEITORAL
Numa torre de castelo
Banhada pelo luar...
Oh! Uma meiga donzela
É quem está a chamar...
Dizem que a curva do rio
Fez uma nova proposta...
Agora é parte de um trio
Muita grana na aposta...
Novo Ano está chegando
Um Ano pleno de farra...
Esse pessoal ta tirando
Um sarro de nossa cara?
Nesse Ano tem lambança
Mas você pode ajudar...
De seu voto na mudança
Que está para chegar...
Depois não fique chorando
Como a donzela no cio...
E unidos vamos dando
Adeus a curva do rio!
Gastão Ferreira
REENCARNAÇÃO II
REENCARNAÇÃO
Quando vim a esse mundo
Vim para ser vencedor
Deixei abismos profundos
Fiz de mim batalhador...
Esquecido dos espinhos
Que eu mesmo mereci...
Plantei em novos caminhos
Tudo aquilo que aprendi.
E a vida cheia de encantos
Transformava o meu amor
Numa cascata de prantos
Numa cachoeira de dor...
Até que um dia entendi
Tudo aquilo que eu fiz.
Os frutos que eu colhi
Foi de um passado infeliz.
Agora rego as sementes
Que um dia irei colher
E voltarei novamente
E de novo hei de vencer.
Gastão Ferreira
GAVETA DO PASSADO
GAVETA DO PASSADO
Abro com muito cuidado
A gaveta do passado...
Retiro o velho cadeado
E espio o seu guardado.
Noto num canto largado
Causando certo destrato
Num papel amarelado
Meu sorriso num retrato.
O que foi que nessa hora
Me fazia assim sorrir?
Criança que fui outrora
Como te deixei partir!
No meu olhar de menino
Vi o passado surgindo
Na gaveta do destino...
Deixei saudade dormindo!
Fecho a gaveta atulhada
Com tanta recordação...
Oh! Minha alma cansada
Passado! Não volta não.
Gastão Ferreira
QUANDO FORES...
QUANDO FORES
Tudo na vida termina...
Nada fica de modelo.
Amor que me ilumina
Não seja meu pesadelo!
Quando chegar tua hora
Pois aqui tudo tem fim...
Oh! Meu Amor vá embora
E não se esqueça de mim.
Quando chegar o momento
O momento de partir...
Que possa meu pensamento
Sem rancores te seguir!
Oh! Meu Amor quando fores
Trilhar um novo caminho,
Leva a saudade e as dores
Para esse outro ninho!
Gastão Ferreira
VENTO SAFADO
VENTO SAFADO
A noite soprou um vento
Mudou tudo de lugar.
Estava faltando evento
Para o povo fofocar...
O pastor comeu a ovelha
E alguém mudou de cama
O velho enganou a velha
É mais um nome na lama.
Uma “ongue” bem discreta
Comprou a honestidade
Uma fortuna secreta...
Para poucos na cidade.
Cancelaram uma adoção
A mãe falou pro juiz:
- Numa casa de ladrão
Eu não deixo meu petiz!
Ah! Esse vento safado
Trocou tudo de lugar.
Gente mudando de lado
Para melhor rapinar...
La no alto da montanha
O Cristo ficou de costas.
Oh! Que vergonha tamanha
E ainda tem quem gosta...
Gastão Ferreira
INDIFERENTE
INDIFERENTE
Indiferente ao anseio
De quem não pode sonhar
O Amor planta e semeia
Olhando a vida a passar.
Tudo depende da terra
Para o fruto germinar...
Mesmo no peito da fera
O Amor tem seu lugar...
As pessoas egoístas
Só enxergam o seu eu
E adoram serem vistas
Como se fossem um deus!
Mesmo assim o Amor chama
Mostra o caminho a seguir...
Quem a si mesmo não ama
Não pode Amor repartir...
Há uma estrada que leva
Por entre o bem e o mal.
Pode ser de luz ou treva
Você escolhe o final...
Gastão Ferreira/2009
DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
Que importa a cor da pele
Se o coração não tem cor?
Quando o destino nos fere
Nos fere da mesma dor!
A vida é igual para todos
Cada bem com o seu mal
A cor é simples engodo
Para quem se acha o tal!
O importante é ser gente
Ter amigos, viver bem
Levar a vida contente
Não ofender a ninguém.
Não é negro nem é branco
O abraço de um irmão...
Não é a conta no banco
Que nos dá educação...
Por isso tome cuidado
Do preconceito sem graça
Sujeitinho descuidado...
Que julga o outro por raça
Em tudo encontra defeitos
Nunca nota os que são seus
Se acham todos perfeitos
E tomam o lugar de Deus!
Gastão Ferreira-20/09/2009
UMA ARTE
UMA ARTE
Na vida a minha parte
Foi fácil de aprender...
Viver contente é uma arte
Não vim aqui prá sofrer...
O sofrimento tem nome
Basta por ele chamar...
Alguns o chamam de fome
Outros a falta de amar...
Vivo um dia, passo a passo
Não canso meu caminhar...
O mundo inteiro eu abraço
Pois dele fiz o meu lar...
Minha alma não tem cor
Não tem dinheiro no banco
Eu amo e o meu amor...
Não é preto nem é branco!
Venho de muitos caminhos
Vencendo o medo em mim
E transformando espinhos
Em flores do meu jardim...
Gastão Ferreira/2009
MORTE DO EURICO
(Minha irmã -Meu cunhado Eurico - Minha sobrinha)...(Eurico morreu em um acidente de carro, mas salvou a vida de minha irmã.)
ANJO BOM
Agora já sabes,
Eu fui teu amigo
A tua paz...
O teu abrigo.
Tu foste minha luz
A minha estrada
A minha amada
O meu entardecer!
Ao partir te provei
O quanto te amei,
Pois foi meu braço
Meu último abraço
Ao perguntarem diga:
- Se foi! Era da lei...
Mas hoje também sei,
Eu sei que muito amei!
Gastão Ferreira
14-11-2009
(Para minha irmã Goreti
na morte de meu cunhado Eurico)
TENHO VERGONHA
TENHO VERGONHA
Por ser honesto e acreditar no bem,
Por trabalhar, por merecer meu pão
Por crer em Deus e no que Dele vem
Por muito errar e por pedir perdão...
Por tudo isso eu me sinto um tolo...
Pela ganância que não mora em mim
Por não comprar e me trocar por ouro
Tenho vergonha de ter sido assim...
E mais vergonha por ter me calado
Na hora triste da corrupção...
De ficar mudo e não ter falado
Ao ser roubado como um cidadão...
Tenho vergonha dos falsos amigos
Que me conhecem e apunhalam tanto
Tenho vergonha de guardar comigo
Restos de sonhos e meus desencantos!
Querem que eu parta e não vou embora
Eu amo muito esse nosso chão...
Querem que cale nesse momento agora
Querem que eu traia o meu coração...
Tenho vergonha porque sou honesto
Tenho vergonha por amar demais...
Tenho vergonha e me sinto um resto
De tantas coisas que não vejo mais!
Gastão Ferreira
OH ! IGUAPE
OH! IGUAPE
Quando calaram os ventos
Depois do bramir do mar...
Restaram tantos tormentos
Que o sonho veio embalar...
A mão que rezou o terço
Foi a mesma que pecou...
Histórias que desconheço
Foi o vento quem contou!
A casa que o comandante
Com sangue alheio comprou
É de um povo tolerante
Que nada nunca cobrou
No escuro da memória
Estão os velhos jornais
Segredos de nossa história
E que ninguém lembra mais
Ah! Iguape. Como pode
O Amor agir assim?
Foguete no céu explode
Tanta merda no jardim!
Gastão Ferreira
MAIS UMA CRUZ NA PRAÇA
MAIS UMA CRUZ NA PRAÇA
São tantas cruzes na vida
Seguindo os passos da gente
Sempre uma cruz tão sofrida
Hoje uma cruz diferente...
Se for cruz de sofrimento
Essa jamais vai faltar...
Ouça do povo o lamento
Tem tanta gente a chorar!
Mais uma cruz na cidade
Em um novo monumento
Para marcar a maldade...
Nesse sofrido momento!
São sete cruzes na praça
Lembrando da escuridão
Chorando nossa desgraça
Pedindo ao povo perdão!
Perdão pela indiferença...
Essa maldade tem nome...
Perdão por tanta descrença
Que nosso sonho consome!
Gastão Ferreira
VISITA A FONTE DO SENHOR
VISITA A FONTE
Beleza que me rodeia
É bem fácil de notar...
Coração amor semeia
Em minha alma a chorar!
Naquela fonte tão bela
Onde ELE lavou a dor
Está sobrando donzela
Está faltando pudor...
Por lá tem cheiro de mato
Tem craque, tem amador.
Tem passarinho de fato
E passarinho enganador...
Saudade que me visita
Qual o recado do mês?
Minha cidade bonita...
Vai me magoar outra vez?
As sereias quando cantam
Sempre nos querem perder
Vozes falsas que encantam
Nos caminhos do viver...
Gastão Ferreira
AH! OS PRESENTES...
AH! OS PRESENTES
Ah! Os presentes que a vida
Com o tempo vai nos dando...
Alguns fechando a ferida
E outros nos enganando!
Murmuram pelos caminhos
Pelas estradas sombrias
Sobraram apenas espinhos
E bem poucas alegrias!
É tamanha a violência...
Mas ninguém pode falar
Ah! Senhora inocência...
Não se pode reclamar?
Foi embora o Bom Jesus
Cansou de ver o pecado!
Mas deixou a sua cruz
Para um povo condenado
O amor chegou contente
Para enfim tudo mudar...
Ah! Esse amor indolente
Vai conseguir nos matar!
Gastão Ferreira
GLÓRIAS DE IGUAPE
GLÓRIAS DE IGUAPE
Quero cantar as Glórias
Dessa cidade gentil...
Iguape cheia de Glórias
Iguape de Glórias mil...
Tem a Glória Carolina
Moradora do Funil...
Ela é a Glória mais linda
Entre tantas Glórias mil!
Temos a Glória Odete
Apelido pé de anjo...
Brigava com canivete,
Surrava até marmanjo!
Temos a Glória Maria
Uma grande professora
Estudava noite e dia
Pois queria ser doutora!
Temos a Glória Regina
Tem a Glória Conceição
Temos a Glória Benvinda
Temos Glórias de montão!
Iguape cheia de Glórias
Iguape de Glórias santas!
Como é bela nossa história
Iguape de Glórias tantas!
Gastão Ferreira
LADRÃO
LADRÃO
Tem gente roubando pobre
Fazendo treta e fuxico...
Tem gente de alma podre
Fazendo pose de rico...
Pela vida vão passando
Rapinando o que podem
Cigarra sempre cantando
Até que um dia explodem!
Não entendo esses coitados
Se acharem donos do mundo
Nasceram todos pelados...
E por aqui deixam tudo!
Se colocar num caixão
Todo o seu ouro roubado!
Quem vai levar o ladrão
Nesse caixão tão pesado?
Talvez escondam de mim
Tantos crimes, todos seus!
O inferno é bem profundo
Não vão esconder de Deus!
Gastão Ferreira
É HOJE A HORA...
É HOJE A HORA
Há um herói homenageando o hospício,
Um homem humilhando a humanidade...
Há uma hora de hipocrisia e honestidade
Ou de homéricos homicidas na história!
Oh! Hospedeiro e horripilante humor
Hóstia de hulha... Heresia hibrida...
Histérico horizonte, humano horror.
Humilde húmus meu herege heróico.
Holocausto homicida higiênico hibernar...
Hidra hiperbólica, hipnose herética
Horrendo horóscopo, hotel de homiziar
Hindu hilário... Historieta hipócrita!
Hirto humanóide, homogênea horda
Hibrido hercúleo hilariante. Herético
Sem honra homologando a hoste...
É hoje a hora do homem hipotético!
Gastão Ferreira
Obs.:- Só palavras com “H”
COCOS CHEIROSOS
COCOS CHEIROSOS
Tem gente em minha cidade
Que tem o rei na barriga.
Na alma negra maldade...
Vivem de pose e de briga.
Quando vêem um andor
Querem logo o carregar.
Mas todo o bom pecador
Quer sempre Deus enganar.
Não cumprimentam ninguém
Tão importantes se acham...
Não podem ver um vintém
Para o dinheiro se agacham.
Todos sabem que no fundo
Deram as almas ao tinhoso.
Fedem iguais a todo o mundo
São nossos... Cocos cheirosos!
Gastão Ferreira/2009
PERDÍ
PERDI
Saudade falou teu nome
Foi importante? Não sei!
Fantasma que vem e some
Caminhos por onde andei...
Em noite do esquecimento
Como posso te lembrar...
Minha alma igual a vento
Sopra por tanto lugar...
Em um passado distante
Eu fui escravo e fui rei...
Mas hoje sou caminhante
E de quase nada sei...
Já perguntei a saudade
Onde eu te conheci...
Teu nome é FELICIDADE...
Lembrança do que perdi!
Gastão Ferreira/2009
NÃO BRINCO
NÃO BRINCO
Não sei se a saudade falou o teu nome...
Se foi importante?... Teu nome esqueci!
Oh! Breves rumores que vem e somem
E deixam na vida uma marca após si...
Quem sabe um dia em novo caminho
Cruzando contigo eu vou recordar...
Os ecos distantes, um resto de espinho
Que tinha teu nome em outro sonhar.
São tantos fantasmas chamando por mim
De tempos passados que há muito vivi...
Não sei se é angustia ou miséria; No fim
É preço que pago por tudo o que vi...
Se hoje consciente daquilo que faço
A fera enjaulada na alma eu domei...
Amigos! Eu cultivo. As dores desfaço
Se brinco com a sorte. O preço paguei!
Gastão Ferreira/2009
ADEUS CORETO
ADEUS CORETO
16/09/2009
La se foi o meu coreto!
Sou contra a demolição
O Boi-tatá está preto...
Só falta soltar rojão!
Para quem vive de festa
Sem ter boa profissão...
É necessária uma fresta
E a grana vem de montão.
Grana para o necrotério?
Essa nunca chega não...
Vá a pé pro cemitério
Ou em carrinho de mão!
Construção em todo lado
Dinheiro muda de mão...
Menino! Fica calado
Ou vai levar bofetão!
Gastão Ferreira
MINHA VÓZ
MINHA VOZ
Eu não nasci para escravo
Nem capacho de ninguém!
Eu sou limpo e não lavo...
Nome sujo de quem tem!
Eu sou livre igual vento
O que eu tenho batalhei
Procurei o meu sustento
Nunca na vida roubei...
Por que tudo que falam
Eu tenho de concordar?
E quando eles me calam
Eu não posso discordar?
Quero ser bom eleitor
E não passar por otário
Sangue de trabalhador
Não sustenta salafrário!
Pois tudo é igual na vida
E o ar é de todos nós...
Eu olho, vejo a ferida...
Que ouçam a minha voz!
Gastão Ferreira
RIR OU CHORAR
RIR OU CHORAR
Na vida são dois caminhos
Os que podemos trilhar...
É entre amor ou espinhos
Onde vamos caminhar...
Sei que o fardo é pesado
Tão difícil carregar...
E com o corpo magoado
Mais leve não vai ficar!
Pois então meu camarada
Vamos ter que o suportar
Chorando ou dando risada
O peso não vai mudar...
A nossa vida é breve!
Não vale a pena sofrer...
Torne a tua alma leve
O importante é viver!
Por isso os dois caminhos
Levam ao mesmo lugar...
Onde o amor faz seu ninho
A dor jamais vai chegar!
Gastão Ferreira/2009
MEU MAPA
MEU MAPA
Pelas muitas madrugadas
Pelo tanto que vivi...
Por ermos e por estradas,
Terras que eu nunca vi...
Fui percorrendo a vida
Como bom navegador.
Com minha alma vestida
De poeta e sonhador...
Estas marcas são espinhos
Das lições que eu aprendi!
Andei por tantos caminhos
Onde sempre me perdi...
Resolvi fazer um mapa
Desses lugares fatais...
Se do mundo levei tapa
Agora... Não levo mais!
Gastão Ferreira
CALA A BOCA
CALA A BOCA
Quem ele pensa que é?
Será que sabe pensar...
Na malandragem põe fé
E já não pode parar...
Eu reconheço um ladrão
Que tenta nos assaltar...
Em tudo enfiando a mão
Sem medo de se ferrar!
Quando pensa que fala
Qual palavra vai dizer?
Mas quando olha e cala
Tem coisa a nos esconder!
Pense naquilo que digo,
Meu pacato cidadão...
Pois em tudo eu me ligo
E chamo a sua atenção!
Eu não quero ter tristeza
Por aqui sou de passagem
Sofro em meio à safadeza
Cala a boca e gatunagem!
Gastão Ferreira/Iguape
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