sábado, 29 de maio de 2010
O LEÃO DO SOBRADO
O LEÃO DO SOBRADO
Vou despencar
Desse telhado!
Vão me matar,
Estou magoado!
Que fim tão triste
A um nobre rei,
Que a tudo assiste
Calado eu sei!
O rei leão
No seu sobrado
Não sabe não?
Está ferrado.
O que ele via
Na noite escura
Oh! Fantasia
Tudo insinua...
Viu a menina
Viu o pastor
Viu a batina
Viu o cantor
Viu procissão
Santo no andor
Viu o ladrão
Viu o doutor
Sentiu o vento
Provou da chuva
Leu pensamento
Até de viúva!
Ouviu lamento
Ouviu sussurro
Do seu assento
La no escuro...
Não abro a boca
De pedra eu sou.
Que coisa louca
Meu fim chegou!
Urrou prá lua
Pediu ao Bispo
Na casa sua
Cheia de visco
Nem a prefeita
Deu atenção:
- É coisa feita!
Disse o leão.
Adeus Princesa
Do Litoral...
Quanta pobreza
No meu final!
Guardem o retrato
Prá ver de novo
Tanto destrato:
- Adeus meu povo!
Gastão Ferreira/2009
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